Terminados que foram ontem os quartos-de-final, aqui apresento uns pequenos comentário aos 4 jogos dessa fase.
Portugal 1 X República Checa 0
Os quartos-de-final inauguraram-se com o encontro de duas seleções que já se tinham encontrado nos quartos-de-final do Europeu de 1996. Também houve apenas um golo marcado, mas dessa vez foi pela República Checa (que acabaria em 2º lugar, nos dos últimos momentos gloriosos da seleção checa, juntamente com a meia-final no europeu de 2004).
Quanto ao jogo, a 1ª parte foi das partes mais estranhas deste Europeu. O que dizer de uma parte onde parecia que faltava paixão e emoção de ambas as partes, em que parecia que ambas as equipas estavam com receio de se aproximarem uma da outra, e onde quase que estavam a jogar só para marcar presença? Para não falar nos execssivos erros técnicos cometidos!
Ainda assim, a primeira tentativa de ameaça à baliza do adversário foi feita pela República Checa, pelo pé de Petr Jiráček, mas sem qualquer sorte. Aos 25 minutos, graças a um passe de João Moutinho, Cristiano Ronaldo faz a primeira ameaça séria à baliza checa, sendo bem defendida por Čech. Ainda na 1ª parte, Cristiano Ronaldo teve a melhor oportunidade para Portugal nessa parte, ao rematar ao poste, depois de receber a bola no peito e ter contornado Michal Kadlec.
Felizmente a 2ª parte foi melhor, ao ponto de Portugal marcar aos 78 minutos, graças a Cristiano Ronaldo, que consumou a remissão que tinha começado no jogo contra a Holanda, afastando completamente qualquer crítica negativa que ainda pudesse persistir sobre o jogador português.
De facto, sobretudo pelo que se passou na 2ª parte, Portugal mereceu ganhar e, convenhamos, por uma vantagem bem maior.
A República Checa só reagiu ao ponto de se constituir uma ameaça quase no final do jogo, mas não impediu que a posse de bola fosse maioritariamente portuguesa.
Os checos correram que se fartaram, mas as oportunidades de golo foram muito poucas, e insignificantes comparadas com as portuguesas.
De uma maneira geral, não foi um jogo marcado por grandes incidentes nem confusões em campo. Foi até bastante calmo para uns quartos-de-final.
Com esta vitória, Portugal empurrou para fora do campeonato, a única seleção da Europa de Leste ainda em prova. Assim, uma coisa agora é certa: a vitória será de um país Ocidental...
Alemanha 4 X Grécia 2
Fernando Santos foi talvez dos selecionadores mais azarados neste Europeu: com o guarda-redes e um central magoados, jogadores expulsos e sem 2 importantes jogadores para os quartos-de-final.
Apesar do favoritismo estar todo do lado da Alemanha, com este jogo conseguiu mesmo assim dar um aviso sério às outras seleções: tirar o título à Alemanha não vai ser nada fácil - A Alemanha conseguiu mostrar que está aqui para ganhar tudo o que lhe aparecer à frente. A Grécia deu tudo o que tinha, sobretudo na 2ª parte, mas não foi suficiente para lidar com o jogo psicológico feito pela Alemanha e, mesmo tirando Mario Gomez, conseguiu um efeito surpresa e de imprevisibilidade que desorientaram os adversários. O treinador, tem uma capacidade de criar tácticas que depresa se adaptam a qualquer circunstância. De facto, as alterações feitas à equipa alemã, apesar de surpeenderem, mostraram ser bem pensadas.
Os germânicos entraram a todo o gás, mas depois de várias tentativas, só aos 38 minutos conseguiram marcar o 1º golo.
A primeira parte foi completamente dominada pela Alemanha. Só na 2ª parte é que a Grécia se consegue destacar e empatar aos 55 minutos. Mas, logo depois e quase até oa final do jogo, é a Alemanha que volta a dominar.
A Grécia ainda conseguiu minimizar a diferença graças a um livre, mas cedo se percebeu que o destino do jogo ficaria por ali: sem Karagounis, não havia nenhum jogador grego em campo, que rivalizasse com a equipa alemã, à excepção de Katsouranis.
O futebol ofensivo alemão tem enorme alrgura, que consegue contornar qualquer defesa adversária. Apesar da Grécia ser sempre defensiva em todo o jogo, chegou uma altura em que parecia que defendiam ao desespero: o jogo quase que se reduzia ao ataque da Alemanha e à defesa da Grécia.
Fernando Santos tentou inverter depois do intervalo, a sua táctica de jogo, e de facto a equipa ficou mais forte e mais atacante, estendendo-se mais em campo, mas cujas limitações que permaneceram, foram aproveitadas pela Alemanha.
A defesa poderia ter sido mais forte e estava mal formada: permaneciam muito distantes dos avançados, deixando espaços abertos que foram muito bem aproveitados pela Alemanha.
Quanto ao futuro, a Grécia terá dificuldade em criar uma nova seleção, mas esta equipa está com muitos jogadores em fim de carreira.
E claro que neste jogo foi impossívelnão associar economia e futebol. Angela Merkel esteve presente no jogo, sendo até agora o único governante político a assistir um jogo na Ucrânia: todos os outros chefes de Estado recusaram-se a assistir a um jogo na Ucrânia. E claro que era impossível não reparar que encontraram-se no mesmo jogo, o país acusado de provocar a austeridade, e o país que a impôs a toda a Europa.
Espanha 2 X França 0
Pela primeira vez em jogos oficiais, a Espanha derrotou a França.
Este foi um dos jogos em que uma das equipas mais surpreendeu pela negativa. Falo claro está da França, que parecia estar em campo quase sem reação. Para tal, contribuíram sem dúvida as confusões no balneário: houve mesmo agressões físicas e troca de ofensas com o treinador. Três jogadores possivelmente titulares ficaram fora deste jogo.
Quanto à vencedora, deste o Brasil de 1970 que o mundo não conhecia uma seleção tão vitoriosa como a Espanha, que mostrou mais uma vez porque merece perfilar entre as mais fortes do mundo. Somam 10 jogos sem perder em fases finais do Campeonato. Claro que, nesta altura apenas um jogo determina o destino de cada seleção, e aqui até a mairo seleção do mundo pode perder.
E convenhamos que à medida que o jogo se desenrolava, a vitória de Espanha estava mais do que assegurada: os centrais franceses estavam sem pontos de referência e pareciam desorientados perante o ataque espanhol. A França estava sem qualquer motivação para jogar. No entanto, a França mostrou que é possível conter as oportunidades de golo da Espanha, mas não conseguiu demonstrar capacidades de resposta ofensiva: bloquear a capacidade ofensiva espanhola e impedir a criação de oportunidades de golo é a vantagem para derrotar a Espanha.
Laurent Blanc fez 4 alterações, mas ficou bem longe de ser bem-sucedido: a equipa atacava praticamente só com dois jogadores. Estava muito amarrada, e disponibilizou o jogo quase todo para os espanhóis. O excessivo medo da Espanha e a necessidade de substituir jogadores por motivos de desavenças, acabou por limitar muito o jogo de França, que permanecia praticamente em modo defensivo, apática e quase a assistir ao jogo dos espanhóis.
E claro que a excessiva substituição acabou por afectar a identidade e a forma de jogar da seleção francesa, o que foi muito prejudicial para o desempenho da seleção.
A França prometia muito nesta competição, mas a equipa fragmentou-se muito a meio do campeonato: os defesas franceses pareciam estranhar a táctica jogadora espanhola, porque ficavam apáticos com as diagonais espanholas - não é normal a equipa francesa, que já é experiente nestas andanças, estar tão estupefacta com o jogo adversário.
Parece que a motivação que a França obteve após a derrota com a Suécia, se evaporou rapidamente.
Itália 0 (4) X Inglaterra 0 (2)
Este foi até agora, o único jogo neste campeonato em que se sofreu muito para além dos 90 minutos. Foi até agora o único jogo do Euro 2012 em que as equipas acabaram os 90 minutos empatadas a zero, e tiveram que resolver o jogo com as grandes penalidades.
Apesar de ser dos jogos mais equilibrados nestes quartos-de-final, a Itália foi sem sombra de dúvidas muito mais dominadora, merecendo ganhar sem necessidade de prolongamento e penalidades. A Itália teve de longe muito mais oprtunidades de golo que a Inglaterra.
Na 1ª parte, Mario Balotelli esteve muito perto do golo duas vezes, mas que foram travados graças à enorme disciplina táctica dos ingleses. De facto, ao longo de todo o jogo a Itália fez inúmeras tentativas, mas que nem sempre eram bem concretizadas: a Itália teve sérios problemas de finalização.
Na 2ª parte, o primeiro momento verdadeiramente perigoso foi aos 51 minutos por parte da Itália: parecia um golo muito provável, mas que não o foi graças ao guarda-redes inglês, que mostrou ser uma peça fundamental para evitar a vitória italiana nos 90 minutos. A Itália continuou a dominar o jogo, mas depois dos 65/70 minutos a Itália deixou de ser tão atacante, o jogo estava a tornar-se previsível, o que foi aproveitado pela Inglaterra, para alterar a sua forma de jogo, mas ainda assim fez várias tentativas que foram impedidas pela perícia de John Terry e mais uma vez defendidas por John Hart, que mostrou porque é conhecido como um dos melhores gaurda-redes ingleses.
Foi um jogo sem grandes incidentes: só aos 81 minutos é que o árbitro Português deu o 1º cartão amarelo a Barzagli, e depois aos 93 minutos outro cartão amarelo a Maggio.
O remate que se seguiu foi um dos momentos mais perigosos proporcionados pela Inglaterra. Este foi provavelmente o jogo de quartos-de-final em que o favoritismo estava mais equilibrado entre as duas equipas, mas que apesar de tudo a Itália conseguiu sobressair em posse de bola e tentativas de golo, que só foram travadas devido às dificuldades de finalização.
De facto, com o hoje de ontem a Itália mostrou ser mais do que merecedora de estar nas meias-finais e surpreendeu quem não a tinha como favorita: o favoritismo continua a pender para o lado almeão, mas a Itália pode continuar a surpreender.
A Itália é geralmente vista como uma seleção defensiva, mas as substituições de ontem mostraram p peso que pode ter como atacante. Como eu já disse, a Itália merecia vencer logo nos 90 minutos, fez tudo para isso, como o demonstram os 36 remates que fez (que acabaram sem êxito...). No entanto, a Inglaterra estava muito compacta do ponto de vista defensivo, impedindo que a superioridade de jogo da Itália se concretizase em golos. A Inglaterra fez um jogo sem nada de excepcional, e só se tornou mais dinâmico com a entrada de Carroll. Todo o jogo se centrou em Rooney, o que se traduziu numa equipa mais desfalcada.
A equipa inglesa teve problemas de qualificação, fazendo com que a equipa chegasse com sérios problemas físicos e muito desgaste à fase final deste campeonato. A defesa estava muito longe dos avançados - faltou energia e era muito previsível na sua forma de jogar. O sistema defensivo funcionou quase sempre bem. A táctica era organizada e rigorosa, mas ficou por aí: não conseguiu criar oportunidades de golo.
Quanto ao futuro, também a seleção inglesa passará por uma renovação dos seus jogadores, pois muitos deles estão a atingir o limite de idade para participarem nestas competições.
Quanto à equipa italiana, o lado direito tinha potencialidades para ganhar, mas o problema da Itália foi o eixo central.
Contra a Alemanha, a Itália terá que se proteger mais defensivamente e certamente não terá tanta posse de bola.
A Itália deverá continuar a apostar na mesma técnica que manteve no jogo contra a Iglaterra, e que se mostrou ser uma boa aposta.
Espanha e Alemanha seguem como favoritos, mas por aquilo que Portugal e Itália já mostraram, podem ocorrer muitas surpresas tanto na quarta como na quinta-feira. Uma coisa é certa: ninguém vai favorecer o jogo ao adversário, e tem capacidade para derrubar ou confirmar favoritismos.
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