Passo agora a falar do país anfitrião deste ano, que escolheu a sua representação através de uma selecção muito peculiar que já falarei de seguida.
Antes disso vou falar do percurso do Azerbaijão no festival. Actualmente detém, juntamente com a Grécia, o record de desde que existem semifinais, se ter apurado sempre para a final e ter ficado no TOP 10. Mas como já disse na mensagem da Grécia, o Azerbaijão só se estreou em 2008, e portanto a proeza não é tão admirável como a da Grécia. Mesmo assim, o percurso do Azerbaijão tem sido notável: a sua pior classificação foi no ano de estreia em 2008. Logo no ano seguinte alcançou o 3º lugar e em 2010 o 5º lugar. Até que o ano passado arrecadou a vitória. No entanto foi uma das vitórias menos significativas de toda a História da Eurovisão e, desde que existe o sistema de voto 50-50 na final foi a primeira vez que o vencedor na opinião do televoto divergiu do vencedor de acordo com os júris. Para esta vitória em muito contribuiu o facto de nem a Turquia nem a Arménia terem passado à final, o que atraiu muitos votos da diáspora para o Azerbaijão.
Além disso, o Azerbaijão nem foi o país que mais 12 votos recebeu: nem sequer foi o 2º. Recebeu 12 pontos apenas de 3 países (muito menos do que em 2010), juntamente com mais 4 países. E houve 12 países que na final não atribuíram um único ponto ao Azerbaijão, o que confirma a vitória muito pouco significativa do Azerbaijão.
Pessoalmente, apesar de a música ser boa, não seria uma vencedora. E tanto as músicas de 2009 e 2010 mereceriam muito mais a vitória.
Voltemos ao processo de selecção da representação desde ano. Foi o mesmo de 2011, apenas com um número mais reduzido de concorrentes, 75, divididos em 8 eliminatórias com 9 cantores cada uma.
Cada eliminatória demorava 5 dias, de segunda a sexta: cada artista representava na segunda-feira uma música estrangeira, na terça uma música do Azerbaijão, na quarta uma música de uma das anteriores edições da Eurovisão, uma música com um enfoque especial na performance na quinta, e finalmente na sexta uma música à escolha do concorrente.
A edição deste ano contou com vários artistas que já tentaram a sua sorte em edições anteriores, sobretudo no ano passado, e dois artistas estrangeiros.
A representante do Azerbaijão, Sabina Babayeva, de 32 anos foi a vencedora da 7ª ronda, uma das vencedoras da semifinal e a grande vencedora da final.
Quanto à música, a poderosa balada "When de Music Dies" foi escolhida internamente por um júri composto de propósito para este efeito.
Também esta música foi muito melhor do que a do ano passado. Estando directamente na final, muito provavelmente não vai ser desta que o Azerbaijão vaio quebrar o seu record. A qualidade vocal da cantora é razoavelmente boa (apesar de não existir nenhuma versão ao vivo, pelo menos oficial, desta música) e como já disse, estamos na presença de uma balada muito poderosa e com uma grande riqueza instrumental e emotiva.
Certamente que vai ser altamente pontuada pela Turquia (12 pontos), Geórgia, Ucrânia (possivelmente também com 12 pontos), Rússia e mais alguns países do leste europeu.
Passo agora para o extremo oposto: desde a existência de semifinais que a Eslováquia, que regressou em 2009, nunca passou à final, sendo o lugar mais próximo um 13º lugar o ano passado, com as artistas TWiiNS.
Mas antes da sua ausência de 10 anos, a participação da Eslováquia também não foi pautada por grandes sucessos: antes de 2009, participou em 1994, 96 e 98, nunca conseguindo mais do que o 18º lugar em 1996. E convém não esquecer que a Eslováquia está no interior do continente europeu e por isso rodeada de inúmeros países: este é mais um exemplo de que o voto por vizinhança nem sempre funcionava (para quem garante que Portugal teria mais sucesso na Eurovisão se tivesse mais vizinhos para além de Espanha e dos peixes do atlântico, aqui está a prova de que isso poderia não acontecer).
A escolha deste ano esteve a cargo da emissora eslovaca RTVS. Apesar dos fortes rumores que circularam ainda em 2011 sobre uma possível ausência da edição deste ano, e depois de terem confirmado a presença do artista Miro Šmajda, mais conhecido por Max Jason Mai, como representante eslovaco que mais tarde seria desmentida pelo mesmo, este acabaria por ser confirmado em 7 de Março como representante eslovaco para a edição deste ano da Eurovisão interpretando o tema "Don't Close your Eyes".
Não havendo outros concorrentes, vou apenas me concentrar nesta música.
Estamos perante um claro exemplo de uma música do género rock / heavy metal, que não é muito comum na Eurovisão, apesar de já ter sido bem sucedido em alguns casos (sendo o mais conhecido a vitória da Finlândia em 2006).
Este ano é o único país a fazer-se representar com uma música deste género o que traz por um lado a vantagem da originalidade (podendo atrair os votos dos adeptos deste tipo de música), mas tem a desvantagem de não ser um género muito comum na Eurovisão e que não agrada muito à grande maioria dos eurofãs, para não mencionar outra vez do problema da inexistência de voto político a favor deste país.
Quanto ao artista, apesar da originalidade e do estilo próprio, as qualidades vocais não são nada de especial, e isto baseando-me na versão studio visto que não há nenhuma versão ao vivo - pelo menos oficial - , o que certamente não irá atrair muitos votos dos júris.
A música tem tudo para dar um grande espectáculo na segunda semifinal onde vai actuar (a mesma que Portugal), o que pode representar um cargo adicional pois uma má performance (ou uma performance mediana) poderá arruinar completamente as hipóteses da Eslováquia passarem à final, que já de si actualmente não são muitas.
Apesar de ser uma música que seria interessante ver na final, as perspectivas não são animadoras o que se traduz num peso adicional para Max Jason Mai. De acordo com os países que costumam dar mais votos à Eslováquia e que votarão na mesma semifinal que ela, este país do leste europeu deverá contar com votos da Ucrânia e de Malta.
Boa sorte para ambos os países!!!!
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