Loreen foi a rainha da noite e arrasou toda a concorrência - o público foi praticamente unânime em dar a vitória, justíssima, a "Euphoria" |
Eu sempre tentei ser imparcial, mas como disse AQUI, o 2º lugar era muito pouco para esta verdadeira obra-prima. A Loreen teve ontem o que merecia: uma vitória esmagadora para uma performance, que só arranjo uma maneira de a descrever - perfeita do princípio ao fim. Infelizmente, a Suécia não tem muitos motivos para agradecer a Portugal. Mas em relação à vergonhosa votação portuguesa voltarei mais adiante.
Sendo completamente apaixonado por esta música e performance, sofri bastante com os enormes problemas que a Loreen sofreu nos ensaios, incluindo no ensaio geral de ontem onde se engasgou com um floco de neve num dos momentos mais importantes da música, e todas as críticas negativas que caíram sobre Loreen, sendo mesmo o que mais me chocou, a reacção ao facto de a Loreen não ter seguido o protocolo oficial proposto pela EBU de fazer uma visita guiada com membros do Governo azeri, optando antes por visitar um abrigo para mulheres com necessidade de vários tipos de apoio. Segundo o que ela disse, se tivesse ficado em Marrocos estaria como a sua prima de 13 anos, casada com um homem de 40. Isto não caiu muito bem em muitos estômagos, ao ponto de chegarem a surgir boatos da possível eliminação da Suécia da grande final. Só tenho uma coisa a dizer a quem se indignou com esta atitude "rebelde" de Loreen: a inveja pode não matar, mas faz mal à saúde!
Mas voltemos à performance da Loreen: para mim foi só na final que a Loreen do Melodifestivalen esteve de volta. O problema de rouquidão que para mim foi bem visível na semifinal (nem sei como conseguiu o 1º lugar na semifinal), estava praticamente resolvido, apenas se notando o grande esforço que Loreen fez no final da performance para conseguir chegar às partes mais difíceis da música, mas que conseguiu chegar muito bem.
As câmeras estiveram muito melhor, e conseguiram, juntamente com o jogo de luzes conseguiu criar o ambiente mais envolvente que se queria para este tipo de música.
Quanto à votação, tenho pena que Loreen não tenha quebrado o record de Alexander Rybak em 2009 pela Noruega, em número de pontos (mas foi uma margem pouco significativa - 15 pontos), já que Loreen arrecadou desta vez mais 12 pontos de cada país do que Alexander Rybak (18 contra 16). Infelizmente, não fosse a votação de Itália que foi o único país que não deu um único ponto à Suécia, e Loreen teria se juntado à (pequena) lista de países que conseguiram pontos de todos os países.
E como esta mensagem se está a tornar demasiado grande, apenas vou deixar aqui os meus comentários à primeira metade dos finalistas da noite de ontem.
Cerimónia de abertura: comecemos mesmo pelo início. A cerimónia de abertura teve a sua graça mas não foi nada de especial. Gostei das bailarinas tradicionais e dos bailarinos de preto: mostraram mesmo a cultura azeri. Já quanto à pequena actuação dos vencedores do ano passado, deixou-me mesmo com a ideia de que faltava algo mais: foi uma prestação muito pobre.
E já que estou a falar dos vencedores do ano passado, sendo um deles apresentador, vou falar dessas três personagens. Foi notória a falta de experiência e profissionalismo dos apresentadores. Nunca vi um anúncio dos finalistas tão desinteressante, e a sua falta de à-vontade era notória, apesar de terem melhorado das semifinais para a final.
Reino Unido 25º lugar - 12 pontos: o Reino Unido apresentou-nos um tema peculiar, num estilo bem clássico que transportou os espectadores para a Eurovisão de outros tempos, mas que poderia ter muito mais energia e vivacidade. Toda a música esteve num ritmo e melodia bastante monótonos.
Como já tinha dito na mensagem em que comentei a escolha do Reino Unido, não conseguia mesmo prever o destino de Engelbert Humperdinck na Eurovisão. Certamente que não iria agradar muito ao público, mas no caso dos júris a história poderia ser outra. No entanto, a canção inglesa não agradou a quase ninguém, colocando o Reino Unido em penúltimo lugar. Desde 2008 que a participação do Reino Unido é uma verdadeira montanha-russa. Último lugar (25º) em 2008, um honroso 5º lugar em 2009, novamente um último lugar (25º) em 2010, um 11º lugar o ano passado e novamente este ano um mau resultado (penúltimo lugar). Já não é novidade para ninguém que a BBC anda a fazer todos os esforços para que o Reino Unido acolha de novo a Eurovisão. A mim parece-me que gostam de fazer um intervalo entre cada boa aposta.
Hungria 24º lugar - 19 pontos: depois da desilusão do ano passado com tanto favoritismo em volta de Kati Wolf, a participação de Compact Disco não trouxe tantas expectativas para este país do leste. É uma banda com um estilo interessante que trouxe uma música com uma das mensagens mais ricas deste ano. Foram enormes os progressos do vocalista desde a final nacional e até desde os ensaios. No entanto, não me surpreendeu: foram competentes mas nada mais.
Não concordo com quem defende que a Suíça devia ter passado em vez da Hungria: deviam ter passado ambos.
Albânia 5º lugar - 146 países: a grande surpresa da noite foi mesmo a Albânia. Quando foi anunciado que Rona Nishliu iria representar a Albânia, quase todos os fãs colocaram a sua música nos últimos lugares. No entanto, depois da divulgação do vídeo oficial, as opiniões começaram a mudar drasticamente. É óbvio que os júris gostaram bastante desta música, e para obter o 5º lugar certamente que o público também votou bastante nesta música.
Realmente algumas partes da música podiam ser demasiado histéricas, mas Rona conseguiu aguentar-se e passou bem na afinação.
Estando sozinha em palco, todo o seu carisma foi transmitido para o público, e a performance geral foi muito bem conseguida.
Lituânia 14º lugar - 70 pontos: outra das grandes surpresas desta edição. Longe de ser das mais favoritas para os eurofãs, acabou por se qualificar em 3º lugar e acabar a meio da tabela. Foi uma música curiosa, mas nada que me despertasse muito interesse.
No entanto, reconheço o esforço que o cantor fez para enriquecer esta música. Por mais que visse sob diferentes perspectivas, a performance depois do cantor ter tirado a venda, parecia muito mais de um comediante do que de um cantor num concurso musical. Mas isso, claro que trouxe um certo carisma à música.
Bósnia-Herzegovina 18º lugar - 55 pontos: nao sei se Maya Sar é religiosa, mas bem pode agradecer a todos os santos e mais algum por estar a representar a Bósnia, porque se estivesse a representar outro país sem o peso de voto que a Bósnia exerce, era logo corrida para o último lugar da semifinal. Era uma das minhas músicas preferidas dos balcãs (juntamente com a Eslovénia), mas a sua performance desiludiu-me muito. É verdade que não era uma balada muito profunda, mas o palco e a performance de Maya Sar foram demasiado simpes e monótonos.
Rússia 2º lugar - 259 pontos: digam o que disserem, foram das Divas da noite! Apesar de isto ser um concurso de música e apesar dos problemas vocais que tinham, sobretudo na final (notava-se o cansaço do grupo), foi o momento mais animado da noite!!! Já que não pude contar também com a anaimação ds Áustria, contentei-me com este grupo de senhoras que caíram nas boas graças tanto do público como dos júris, ao terem ficado em 1º lugar na semifinal e terem conseguido o 2º lugar na final. Acredito que se não tivéssemos a Loreen, ou se a votação apenas se baseasse no voto do público, poderiam perfeitamente ter ganho a Eurovisão.
Apesar de todo o carinho que estas senhoras pudessem transmitir, a verdade é que isto deveria ser acima de tudo um concurso de música, e houve melhores vozes que foram muito penalizadas devido a este grupo. E convenhamos: se estivessem a representar outro país com menos poder de influência do voto, provavelmente nem da semifinal sairiam.
Islândia 20º lugar - 46 pontos: para mim foi uma das surpresas negativas da noite. A Islândia foi apontada como uma das fortes candidatas à vitória e estava entre as minhas favoritas. A performance foi soberba e digna de uma banda sonora de um filme.
Achei as críticas sobre a falta de carisma de Greta Salóme e a baixa qualidade da sua performance exageradas. Talvez alguma falta de emotividade do Jón Jósep, deve ter prejudicado as hipóteses da Islândia.
Mereciam muito mais do que o 20º lugar.
Chipre 16º lugar - 65 pontos: outro país tido como um dos favoritos à vitória, e um dos 10 mais votados pelas associações da OGAE, acabou a meio da tabela.
Achei Ivi mais à vontade e a sua voz esteve mais de acordo com a tonalidade da música do que na semifinal. Foi mais agradável de ser ouvir, mas os problemas vocais mantiveram-se. Por isso, recebeu certamente mais apoio do público do que dos júris.
França 22º lugar - 21 pontos: outra surpresa negativa da noite, pois a França também foi altamente pontuada pelas OGAEs. Parabéns à Anggun pela bela voz e carisma que manteve durante toda a música. Infelizmente, notou-se que estava nervosa e a voz saiu tremida em partes mauito importantes da música.
E uma nota mesmo negativa às vozes do coro: durante quase toda a música pareciam vozes robotizadas. E acabei por não gostar da participação dos ginastas.
Itália 9º lugar - 101 pontos: outra desilusão, apesar de não ter grande como as anteriores, se bem que a Itália para mim merecia um lugar pior do que o que obteve. Foi a 2ª mais votada pelas OGAEs e tinha tudo para agradar aos júris e agradar mais ao público do que a música que a Itália trouxe o ano passado. Nina Zilli e o coro estiveram muito melhor do que o ano passado. Conseguiram transmitir a mensagem da música. Mas tudo o resto foi péssimo: poderiam ter aproveitado a imagem de fundo e o resto do palco para enriquecer com vários elementos já que a música permitia isso.
Estónia 6º lugar - 120 pontos: Outra surpresa da noite, neste caso pela positiva. A Estónia conseguiu assim a desforra pela injustiça que sofreu o ano passado. Otto esteve uma afinação praticamente perfeita. A exemplo da Albânia foi uma música envolvente. Um ponto negativo para a senhora que fez voz de coro.
Nada mais de especial a acrescentar.
Noruega 26º lugar - 7 pontos: a maior surpresa negativa da noite. Tooji foi altamente pontuado pelas OGAEs e tido como um forte candidato ao TOP5 pela maioria das casas de apostas. Não consigo perceber o último lugar da final, e também o 10º lugar na semifinal. Aliás, na semifinal teve os mesmos pontos que a Bulgária (duas performances que jamais se podem igualar), e Tooji só se qualificou graças aos critérios de desempate.
Penso que a constante comparação com Eric Saade que representou a Suécia o ano passado (comparação essa exagerada), deve ter levado tanto os júris como o público a penalizarem aquilo que julgaram ser uma imitação de Eric. Mesmo assim, não justifica o baixo resultado que a Noruega obteve: é que nem os vizinhos da Escandinávia o ajudaram: apenas a Islândia, a Suécia e a Holanda deram pontos à Noruega.
Confesso que antes dos resultados das votações me ocorreu que poderia acontecer a Tooji o mesmo que aconteceu a Alexey Vorobyov, o representante russo do ano passado: 7º lugar no televoto, mas último lugar nos júris. Mas vejo que o caso norueguês foi bem pior.
O baixo resultado quase de certeza se deve aos júris, mas estou ansioso para ver em que lugar ficou no televoto.
Azerbaijão 4º lugar - 150 pontos: para mim uma das grandes surpresas positivas da noite. Já pelo vídeoclip oficial era possível constatar que Sabina é dona de uma grande voz e enorme beleza. E ontem à noite não desiludiu ninguém. Todos os outros elementos em palco também estiveram bem.
Performance muito carismática e envolvente, com um final apoteótico mas, ao contrário de outros, não foi exagerado.
Mereceu o 4º lugar (até merecia mais), e não acredito que foi favorecida por ser o país anfitrião: já houve bastantes casos de países anfitriões cujas músicas são esquecidas (quase) no fundo da tabela.
O resto dos comentários seguem-se na outra mensagem...
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