O não apuramento da Eslovénia foi uma das grandes desilusões da noite, sobretudo devido a algum favoritismo que esta música tinha. |
Depois havia outro grupo de países que, embora tendo falhado algumas finais em edições recentes, estavam claramente entre os favoritos do público e também eram (uns mais outros menos) do agrado dos júris: Turquia, Suécia e Noruega.
E depois vieram as grandes surpresas: não sendo a concorrente mais forte dos países dos Balcãs, não porque não o merecesse, mas por estar a representar aquele país, a Eslovénia surpreendeu tudo e todos ao não se ter apurado para a final. É verdade que a actuação teve alguns problemas de afinação e tonalidade, mas se formos por aí, nem vale a pena indicar os problemas de mais de metade dos finalistas de ontem pois esta mensagem não chegaria.
Tendo em atenção a juventude de Eva Boto (a mais nova a participar este ano), com apenas 16 anos, era expectável que pelo menos os júris tivessem isso em consideração quando analisassem os problemas vocais de Eva.
Se essa foi a grande surpresa pela não passagem, no lado oposto, Malta e sobretudo Lituânia, surpreenderam bastante pelas suas passagens à final, sobretudo no caso da Lituânia que grande parte das apostas não a tinha como finalista.
No caso específico de Malta, como já disse numa mensagem anterior, foi notável o esforço que o país colocou numa música que não trazia nada de novo ao panorama musical, mas que foi bem trabalhada tanto no vídeoclip oficial como na versão ao vivo. Todo este enorme esforço deu mesmo bons frutos, ao garantir um lugar de Malta na final.
O caso da Lituânia, o cantor de facto tem carisma e personalidade em palco, o que poderia ser ainda mais valorizado com uma música melhor.
No caso dos restantes apuramentos, tanto a Sérvia mas sobretudo a Bósnia foram favorecidos pelo nome do país. Zeljko Joksimovic é muito querido entre os eurofãs e, mesmo trazendo algo igual ao que levou a Istambul em 2004 aliás, na minha opinião tinha uma qualidade muito inferior, foi certamente muito votado tanto pelo público como pelos júris. O mesmo se passa com a Bósnia, que é sempre dos países mais votados dos Balcãs.
Já a Ucrânia, não tendo aqui a ameaça da Rússia, foi altamente pontuada pelos países de Leste e por muitos países ocidentais onde tem forte diáspora: quase de certeza que a Ucrânia recebeu 12 pontos do televoto português. E toda a música e interpretação de Gaitana e dos outros elementos em palco rebentou de energia e cor do princípio ao fim.
No caso dos países nórdicos, estávamos perante dois dos grandes favoritos à vitória (Loreen e Tooji), e a passagem estava mais do que assegurada. Confesso que no caso da Loreen, a sua enorme rouquidão impediu-a de mostrar todo o seu potencial e todo o potencial da música. E a sua performance foi onde as câmeras estiveram pior. No entanto, o favoritismo permanece com a Loreen. Se bem que, terá que enfrentar duas grandes ameaças: Sérvia e Rússia, para além da forte concorrência de alguns dos que estavam automaticamente na final.
Quanto ao Tooji, a performance esteve dentro daquilo que já estavámos à espera: foi um dos grandes momentos da noite.
Já em relação aos outros apurados, a Estónia foi certamente muito favorecida pelos júris, mas reconheço que a afinação esteve muito bem. Já a Macedónia também não deixou de ser uma surpresa, mas a exemplo de Nina Badrić, Kaliopi era uma cantora com uma carreira relativamente extensa, e a música que apresentou era certamente uma mais-valia no meio das baladas. Por fim, a boa-disposição de Can Bonomo e toda a teatralidade da interpretação garantiram-lhe um lugar na final. Quanto à final, não sei se vai conseguir ficar no TOP5 como das últimas vezes que esteve na final, mas uma coisa é certa: vão chover pontos tanto de Leste como do Ocidente para a Turquia. Ainda por cima com a ausência da Arménia e com a não passagem da Geórgia.
Analisando os outros concorrentes, destaco a Eslováquia que, sendo uma música direccionada para um grupo restrito de público que não acompanhar muito a Eurovisão, teve uma performance muito boa. Infelizmente, sendo a Eslováquia, estava muito longe de obter a mesma sorte que Eldrine pela Geórgia o ano passado. No caso da Bielorrússia como já disse, as mudanças na música original, e a suposta zanga com os fãs (não sei porque motivo) deitou por terra as hipóteses de passagem que já de si não eram muitas.
A Holanda, trouxe uma música muito original e simples mas que, era previsível que ficasse pela semifinal, não fosse também a Holanda mais um caso se um país sem votos de vizinhança.
A performance demasiado mininalista da Bulgária, tirou demasiadas qualidades à música, que nem todos os efeitos pirotécnicos mais para o final conseguiram salvar.
A Croácia foi um dos países que tinham algumas chances de passar, sobretudo pela intérprete Nina Badrić que era uma das intérpretes mais premiadas desta semifinal. No entanto, apesar de não ter nada de grave a apontar, a existência de demasiados vizinhos a competir com ela, acabou por ditar o que já começa a ser comum na Croácia: a não passagem à final.
A paródia da Geórgia poderia ser uma surpresa devido ao voto político, já que da parte dos júris seria fortemente penalizada. Afinal, os blocos desta semifinal conseguiram expulsar da final tanto boas como más músicas.
A boa performance de Filipa Sousa não foi suficiente para colmatar todos os outros problemas, nem para garantir um lugar a Portugal na final. |
Confesso que, quando faltava anunciar um finalista e a Turquia ainda não tinha sido anunciada, percebi o destino da música portuguesa. Mas, quando reparei que a Eslovénia não tinha sido anunciada, percebi que as surpresas desagradáveis não ficariam por ali.
Apesar de Portugal estar fora da final, vou continuar a fazer os comentários que tinha previsto, incluindo uma mensagem sobre a participação Portuguesa nos últimos anos.
E espero que Portugal faça aquilo que se faz sempre nestas situações: aprender com os erros e tentar melhorar.
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