quinta-feira, 1 de março de 2012

Eurovisão: a caminho de Baku 2012! (VIII)

Os países participantes na edição deste ano continuam a apresentar as suas representações, e eu continuo a comentar as suas escolhas. Excepcionalmente esta mensagem vai fazer uma análise a 3 países devido à alteração feita há poucos dias na escolha da Bielorrúsia.


BIELORRÚSSIA E LITESOUND
A final ocorreu a 14 de Fevereiro, e deu a vitória a Alyona Lanskaya, como aliás eu referi na mensagem que postei sobre a escolha deste país para o representar na Eurovisão.
Nessa altura apresentei algumas reservas quanto à música e à performance da cantora, e mostrei a minha preferência pelo 2º classificado.
Pois bem, afinal parece que a maioria do público que votou na final, partilhou da mesma opinião que eu. É que no dia 24 de Fevereiro (10 dias após a vitória da Aloyana), surgiram rumores da existência de fraude na contabilização e atribuição dos votos do público. O presidente ordenou uma investigação que acabaria por concluir que a vitória de Aloyana foi conseguida através da manipulação dos votos do público tanto por parte dela, como dos seus produtores.
A consequência foi a desclassificação de Aloyana e, após deliberação interna à emissora responsável pela selecção do representante bielorrusso, a vitória acabou por ser dada aos segundos classificados: a banda Litesound com a música "We are the heroes".
Continuo a afirmar o que disse na outra mensagem: esta música terá muito mais sucesso junto do público, não fossem os mais jovens o grupo etário que mais costuma votar neste Festival. A música fica mais no ouvido (nada que se compare à anterior vencedora), para além da energia e da própria mensagem que transmite. É um estilo pop muito apreciado na Eurovisão e não é tão banal como outras escolhas já apresentadas por outros países.
Tanto na semifinal como na final é possível ver o público jovem a delirar na actuação dos Litesound: o que fez a vitória da Aloyana ainda mais estranha.


É uma excelente escolha, para a banda que já em 2006, 2008 e 2009 participou na selecção interna mas nunca foi apurado: em 2008 obteve o 2º lugar e em 2009 o 3º.
Parece que foi desta que se fez justiça.


A Bielorrússia está muito bem representada este ano, mas há um pequeno problema: o país vai concorrer na mesma semifinal que Portugal e, parece que já arranjamos mais um adversário de peso.


AUSTRIA E TRACKSHITTAZ 
Passo agora a falar da Áustria que regressou o ano passado, depois de uma ausência de 3 anos, em muito devido ao facto do festival se ter realizado na vizinha Alemanha. Infelizmente é um país que, para além da vitória em 1966 e de ter ficado algumas vezes no TOP 10 até 1989, a verdade é que, sobretudo a partir de 1990, a participação da Áustria tem sido muito fraca e pautada por resultados relativamente baixos.
Falemos agora da selecção deste ano. Esta é até agora a escolha nacional que mais me apraz comentar, porque até agora é a representação mais cómica de todas: e mais cómica obviamente no bom sentido!!!


A escolha recaiu sobre Tracksittaz, uma dupla masculina oriunda de Mühlviertel, uma região no Sudoeste da Áustria, que faz fronteira com a Alemanha. A música é cantada em "Mühlvierteliano(?)" (não consegui encontrar o nome em português): um dialecto falado nesta região de Mühlviertel, com forte ligação ao alemão.
O título não podia ser mais sugestivo: "Woki mit deim Popo", ou em inglês "Shake your ass".
A música rebenta de energia e ritmo do princípio ao fim, é daquelas que se pode dizer que "entra logo a matar"!!!
De facto, é impossível ficar indiferente ao ritmo contagiante desta música, e deixar de sorrir quando se vê a performance do dueto durante a final nacional. Tudo nesta música é hilariante.
No entanto, uma música que queira ter sucesso ter que ir muito para além disso.


Esta foi uma das duas músicas que na noite da Final Nacional passou à segunda fase, e obteve uma maioria dos votos muito pouco (ou mesmo nada) substancial: 51% contra 49% da 2ª classificada.
Em 2º lugar ficou classificado o artista e travesti Conchita Wurst (wurst significa salsicha em alemão), muito famoso na Áustria. A primeira vez que se veja a sua actuação, o que mais chocará será a barba preta que não condiz em nada com o corpo magro, os cabelos compridos e a roupa de mulher. De facto, sem o toque da barba, o artista poderia mais facilmente passar por uma mulher. Quem dá voz e corpo a esta personagem é Tom Neuwirth, um decorador de montras que ficou famoso quando assumiu o papel de Conchita Wurst ao participar no concurso de talentos austríaco  “Die Große Chance”, e que surpreendeu tudo e todos com a sua extraordinária voz. Apear da voz dela (dele!!!) ser agradável e ter enormes potencialidades, não achei que na final nacional ela estivesse no sue melhor (talvez problemas da música).
A música que levou ao festival de selecção nacional "That's What I Am", tem aquilo que a música vencedora não tem: uma mensagem rica de sentimentos e uma alma prórpia. Em suma: não é tão vazia de sentido como a música vencedora.
Infelizmente não sei se iria ter muita adesão junto do público, sobretudo de países muito conservadores como Portugal.


Infelizmente nem com a música vencedora as perspectivas são muito animadoras. Como já disse já lá vai o tempo em que a Áustria obtinha resultados no TOP10 ou lá perto. O ano passado por exemplo, obteve o 18º lugar na final graças aos júris que colocaram a música em 5º lugar porque da parte do televoto, obteve o penúltimo lugar.
Dos países que desde 1975 deram mais votos à Áustria e que estarão na mesma semifinal que ela são a Bélgica, a Grécia e a Irlanda. Infelizmente desde a introdução das semifinais e a entrada dos países de leste que o cenário mudou muito.


Para mim, os votos dos júris é que poderão ditar a passagem ou não desta música à final já que da parte do televoto, será muito provável obter uma boa classificação.


IRLANDA E JEDWARD
Os Gémeos estão de volta. Podem ter ficado apenas em 8º lugar o ano passado, mas foram uma das participações mais marcantes e que mais impressionaram não só pela sua personalidade como pela originalidade da sua actuação.
E parece que a Irlanda voltou a apostar na mesma receita. Estamos a falar do país com mais vitórias na História de toda a Eurovisão, 7 no total, e que devido aos "fracos" resultados desde 2007 (excepto o ano passado) pensou várias vezes em desistir. Enfim, toda a gente tem direito a umas birras sem sentido... apenas em 2007 ficou em último lugar. É verdade que só voltou a estar presente na final em 2010 mas... isso será tão mau comparado com uma boa parte dos outros concorrentes?
Não sei porquê mas estou a lembrar-me de um país que já participa desde 1964 e o melhor lugar que obteve foi o 6º em 1996 (com a Lúcia Moniz) e que se fosse pela mesma lógica, já há muitos (mas mesmo muitos!!!!) anos que teria desistido.


Adiante: a receita escolhida para este ano foi a mesma do ano passado. Os mesmos artistas com o mesmo género musical.
Quanto à música "Waterline" tem as suas boas qualidades mas, é impossível ao público evitar a comparação com o ano passado. E aí, esta música não fica tão bem vista.
A personalidade e a performance em palco tão "excêntrica" dos gémeos certamente que vaio garantir uma passagem à final. E nada me garante que eles não irão conseguir obter um lugar (muito melhor). Certamente que à medida que o tempo for passando, o público se vai acostumar a esta música e esquecer a do ano passado. Porque vendo bem esta música tem a sua personalidade própria em que é possível distingui-la da anterior: a mim pelo menos faz-me lembrar a música pop dos anos 80 e princípios dos anos 90.

A vitória foi atribuída aos manos Jedward, tanto da parte do júri como da parte do público. Quanto ao 2º classificado, Andrew Mann com a música "Here I Am", não deixaria de ser uma escolha interessante para levar à Eurovisão: a performance teve um estilo muito próprio e original (que se poderia assemelhar ao da Dinamarca), e a letra é de longe muito mais rica que o "Waterline", não haveria qualquer chance em comparação com a performance dos Jedward.

Sendo dos países que mais pontos recebeu na história da Eurovisão, o problema da presença dos países que mais pontos lhe dão na mesma semifinal que a Irlanda este ano, não se afigura tão importante.
Ainda assim, convém assinalar que dos 5 países que desde 1975 mais pontos atribuíram à Irlanda, estarão presentes na 1ª semifinal juntamente com ela, apenas a Suíça e a Áustria.
No entanto, o que foi referido atrás no caso da Áustria sobre as semifinais e a entrada de mais países e a sua influência nas intenções de voto, também se aplica à Irlanda, como a qualquer outro país.




Boa sorte para os três países!!!




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