quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

O que diria Jesus Hoje?

 
Apesar de há muito tempo (mesmo muito) não ter feito aqui mais nenhuma crítica a nenhum livro que tenha lido, ou do qual tenha tido conhecimento, achei por bem fazer uma referência a este, a começar pelo título.
De facto, para crentes ou não crentes, que conheçam a História (pelo menos a quem é oficialmente apresentada pelas Igrejas Cristãs) e a pessoa de Jesus, ficariam certamente intrigados por saber quala  opinião que Jesus teria sobre o nosso mundo actual.
Bem, partindo daquilo que a Igreja ensina de que Jesus é Omnipotente, certamente que já estaria à espera de que a Humanidade no século XXI estivesse a viver neste planeta de uma maneira pelo menos parecida a esta. Mas, acreditando que o Homem tem capacidade para escolher o seu destino e de usar da melhor maneira que as suas capacidades o entendam, aquilo de que tem ao seu dispor, certamente que muitas coisas devem deixar Jesus estupefacto.
O livro, ao contrário do que se poderia pensar, não se baseia em conjecturas infundamentadas, mas parte antes daquilo que se encontra na Bíblia, por vezes baseado em relados de Historiadores da época, para argumentar sobre qual seria a opinião de Jesus sobre inúmeros assuntos, dando exemplos de como o Homem tem procedido erradamente ao ter interpretado mal o que de facto Jesus queria dizer com os seus gestos, as suas palavaras e os seus comportamentos.
Desde o eterno dualismo riqueza/pobreza, passando pela política e pela forma como as nossas sociedades vivem actualmente, os progressos feitos nos campos das ciências e a forma como eles são usados, incluindo assuntos mais internos à Igreja (aqui o autor tem como ponto de referência a Igreja Católica) como o casamento dos padres, o divórcio, o papel das mulheres dentro da instituição bem como o respeito pelas minorias e pelos perseguidos/refugiados.
A ideia com que eu fiquei, foi de que de facto a mensagem que Jesus queria transmitir não era tão conservadora, nem tão injusta, nem tão afastada do dia-a-dia das pessoas e sobretudo nem era uma justificação para todos os crimes e atrocidades que se têm cometido ao longo dos séculos em seu nome, e que ainda hoje se cometem.
O autor alerta para o facto de que muitos cristãos têm actuado ao longo dos séculos como os fariseus que Jesus tanto criticava: têm dado importância à letra e não ao seu conteúdo nem aplicabilidade na prática. O que muitas vezes era apresentado como regras e normas são apenas sinais daquilo que se deve fazer na prática. A purificação do corpo que os judeus faziam com inúmeros rituais de higiene e de abstinência de certos alimentos, na verdade deveria ser entendida no ponto de vista de Jesus, como a purificação da alma de maus pensamentos e de más obras.
Segundo o autor, a base do ensinamento de Jesus é a de colocar o ser humano como centro e ponto culminante do funcionamento da nossa sociedade, da nossa economia e da nossa política, e não utilizá-lo como mero meio para satisfazer as necessidades destas áeras. E entenda-se aqui o ser humano, como todas as pessoas do mundo, sem qualquer excepção, porque todas elas são importantes para o funcionamento e existência da civilização humana.
De facto Jesus teria muito a dizer hoje sobre a actual sociedade humana. Mas seria apenas dizer mal do que fizémos até hoje? Não devemos também pensar em todos os esforços que têm sido feitos para um desenvolvimento mais harmonioso de todos os países e na oferta de oportunidades a todas as pessoas independemente da raça, cor, sexo ou crença religiosa? No entanto, há ainda um longo caminho a percorrer, e os dados que o autor apresenta ao longo do livro, sobretudo das provações que as crianças e mulheres apresentam hoje em muitos países do mundo, são exemplo do enorme trabalho que ainda falta fazer, e de que talvez Jesus Hoje nos diria que ainda falta muito para o nosso mundo viver na sociedade justa e equílibrada que ele tantas vezes defendeu. Sejamos crentes ou não, os planos e a mensagem de Jesus para este mundo, ainda está muito além do que nós vivemos hoje. Será que lá chegaremos de facto um dia?

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