domingo, 19 de fevereiro de 2012

Eurovisão: a caminho de Baku 2012! (V)

Como vem sendo hábito desde há muito tempo, entre meados de Fevereiro e princípios de Março, a maioria dos países presentes na Eurovisão nesse ano, selecciona as suas representações. E o Youtube já fervilha de TOP's: TOP 3, TOP 4, 5, 6, 9, 10 e por aí fora. Até fizeram TOP2 só com as músicas da Suíça e da Albânia (já agora um TOP1 não?... esse dava muito trabalho!!!).
Sem mais demoras, vou já comentar mais duas selecções.


NORUEGA E TOOJI
Começo com o país de extremos na Eurovisão. Por um lado, foi o país que mais vezes ficou em último e que mais vezes obteve os mal-amados zero pontos. Por outro lado, a vitória que obteve em 2009 com a música "Fairytale" interpretada por Alexander Ryback atribuiu a este país o recorde de canção vencedora com mais pontos (387), maior número de 12 pontos recebidos na final (atribuídos por 16 países) e maior margem de pontos face ao 2º classificado.
A participação da Noruega desde 2004 mostra essa inconsistência: uma vez em último lugar, uma vez em 1º, 6 vezes na final e 2 afastado, incluindo o ano passado (apenas graças aos júris internacionais que colocaram a música "Haba, Haba" de Stella Mwangi em 17º lugar, enquanto que no televoto conseguiu o 9º lugar - aliás, se houve ano em que o televoto divergiu em muito das votações dos júris foi 2011).
Depois do fracasso da prestação do ano passado, que levou  muitas pessoas incluindo (o que é mais chocante) noruegueses a comentar os vídeos do youtube onde mostrava a prestação da Stella, com comentários dizendo que ela não era norueguesa devido à cor da pele, e por isso não devia representar a Noruega, e que devia ir para África comer bananas, entre outras coisas piores. Resumindo: autênticos actos de cinismo e mesquinhez. Quando ela foi seleccionada para representar a Noruega, recebeu o 1º lugar tanto do júri como do público. E se ela tivesse ficado no TOP5 na final da Eurovisão duvido que os noruegueses que a levaram para lá, tivessem a mesma opinião sobre a diferença de pele entre a Stella e a população de ascendência puramente norueguesa. E convém relembrar que estamos no país mais desenvolvido do mundo. Só mais um aparte: Portugal, considerado agora como um dos "doentes" e mais "atrasados" da Europa e do mundo desenvolvido, não só teve muito orgulho em levar à Eurovisão artistas de etnia africana, como ficou muito bem classificado numa dessas vezes (estou a falar do 8º lugar da Sara Tavares em 1994, com a música "Chamar a Música" que se tornou um dos Greatest Hits de Portugal na Eurovisão: ainda hoje é muito conhecida e muito cantada e difundida na rádio).
Como ia dizendo, depois do fracasso do ano passado, a Noruega apostou este ano em algo muito diferente. O representante é o jovem cantor Tooji, com a música "Stay". Bem gostaria de não comparar ao Eric Saade (concorrente da Suécia na edição do ano passado), mas não consigo começar de outra maneira. Ambos têm raízes no médio oriente (no caso do Eric o pai é Libanês, e no caso do Tooji, ele ainda nasceu no Irão).
Ambas as músicas são completamente viradas para o público jovem, e são interpretadas por cantores que provocam muitos suspiros entre o público feminino (heterossexual) e provavelmente entre o público masculino homossexual também.
Concentrando-me mais em Tooji e na sua música, é fácil constatar que esta era óbvio que fosse esta a música vencedora, mesmo sem analisando com muito detalhe a concorrência. Tudo na performance foi pensado e trabalhado ao pormenor: desde o ritmo e melodia, aos bailarinos e coreografia. E a Noruega tem a vantagem de Tooji ter uma voz mais trabalhada e afinada do que Eric (talvez por ser mais velho), e a própria tonalidade permite que o cantor mantenha a voz num registo confortável. E além disso, a letra não é tão simplista como do artista da Suécia, o que certamente não irá desagradar tanto aos júris.
Claro que Tooji teve uma vitória esmagadora no televoto. Quanto ao juri, apenas lhe atribuiu o 2º lugar. A canção vencedora para o júri foi "Somewhere beautiful", uma balada muito bem interpretada por Nora Foss al-Jabri, uma cantora nascida no Iraque (já são demasiadas coincidências!!!) com apenas 16 anos (feitos apenas dia 29 de Janeiro). A vitória de Nora com pouca diferença, e a esmagadora vitória de Tooji no televoto, não lhe deram qualquer hipótese de ganhar.
Não duvidando dos dotes vocais de Nora, a música "Stay" garante mais facilmente um lugar na final, e uma boa classificação. Da parte do televoto, apesar dos países que mais votos têm atribuído à Noruega, participarem e votarem quase todos na outra semifinal (com excepção apenas da Suécia e da Estónia), dificilmente o país não ficará no TOP3. Uma não passagem à final só seria possível se os júris atribuíssem quase zero pontos à Noruega. Mas pelo que vejo até agora na semifinal onde a Noruega vai concorrer, ainda não apareceu concorrência com capacidade de retirar o 1º lugar a Tooji, pelo menos no televoto.
Apesar de todas as críticas que possam ser feitas, é uma grande aposta, deste país da Escandinávia.

ALEMANHA E ROMAN LOB
Passemos agora ao país anfitrião do ano passado, e o 3º país a quem Portugal deu mais votos desde 1975.
Depois dos sucessos de 2010 (1º lugar) e de 2011 (10º lugar) ambos conseguidos pela cantora Lena Meyer-Landrut, a escolha deste ano, a música "Standing Still" interpretada pelo cantor de 21 anos Roman Lob,  pode parecer um pouco fraquita ou pelo menos mais "apagada".
Mas ouvindo melhor, podemos constatar que a escolha não foi assim tão má, como foi a melhor escolha face à concorrência existente. A segunda classificada, Ornella de Santis com a música "Quietly" para além de também ser uma balada, e ser muito bem cantada, infelizmente não tem o poder de ficar tanto na memória como a música vencedora (mas seria uma óptima escolha para um filme da Disney).
A música vencedora é do género de música que se poderia ouvir num festival de verão. Apesar do estilo de balada, ao contrário de outras selecções já feitas para este ano, esta música não só fica mais no ouvido, como tem bem presente uma certa conotação com o estilo pop-rock. Tanto a melodia como a letra mostram que estamos perante uma música com alguns ingredientes para ter sucesso no festival.
E estamos na presença de mais um exemplo de um artista que certamente agradará ao grupo feminino e gay.
Sendo a Alemanha um dos países que tem o "privilégio" de ir directamente para a final visto que paga para tal (e se não o fizesse, os maus resultados que apresentou entre 2005 e 2009 fazem-me ter a certeza de que a Alemanha muito provavelmente já teria falhado várias vezes o apuramento para a final).
Como o 26º lugar ninguém lhe tira, uma boa classificação dependerá da concorrência existente.

Boa sorte para ambos os países!

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