quinta-feira, 17 de maio de 2012

MADE IN CHINA (II)

Continua aqui a minha deambulação por este mundo que se chama China.


Apesar de todas as mudanças que a China está a atravessar, incluindo a Ocidentalização de algumas práticas, a verdade é que continua sempre a defender o Socialismo Maoísta como estrutura da sociedade e base para a sua coesão.


Na mensagem anterior, tinha ficado na apresentação da visão da "Sociedade Harmoniosa" que está implementada na China desde 2004.
De acordo com esta visão, desde 2004 que está implementado o 1º pacote de Hu dividido em vários planos:
- o plano 1 com o objectivo de repensar a política social, dará ênfase à necessidade da prosperidade para todos os indivíduos, qualquer que seja a região ou a classe social, ao mesmo tempo que são criados programas de acompanhamento das situações de desemprego urbano (a nova forma de instabilidade que está a assolar a China);
- o plano 2, com o objectivo de criar uma Nova Sociedade Rural, irá começar por resolver o problema das disputas de terra (quase todas entre o Governo e os privados), bem como um acompanhamento mais próximo das populações rurais e das suas necessidades, visto que foram as mais negligenciadas pelo êxodo rural e pelo aumento da dimensão e das actividades das cidades;
- o plano 3 que procura o Desenvolvimento Sustentado de um Novo Modo de crescimento económico e da sua relação com a Sociedade, através da promoção do desenvolvimento científico e da inovação tecnológica como novo suporte para o crescimento, aumentar a eficiência energética (juntamente com outro tipo de preocupações ambientais): tudo isto para que se obtenha um desenvolvimento mais coordenado, equilibrado e sustentado.

Terminou o ano passado o 11º Plano Quinquenal (2006-2011), que passou do crescimento rápido do PIB para novas formas de crescimento. Isso implicou a definição de um novo modelo de desenvolvimento com o estabelecimento de novas áreas prioritárias para o investimento.
Durante este plano, estiveram definidos os seguintes objectivos:
. Poupança de energia;
. Estabelecimento de um sistema de saúde pública;
. Estabelecimento de um Sistema de protecção e preservação do ambiente;
. Estabelecimento de um Sistema Nacional de Ensino;

Mas, se por um lado a China começou a implementar algumas das medidas sociais e ambientais praticadas no Ocidente, por outro lado a China continua a insistir na defesa da sua identidade própria e do seu regime político, e na protecção de tudo o que é nacional.

Foi este ano implementado o 12º Plano Quinquenal, que mais uma vez trouxe grande mudanças para a política chinesa. Continua o ênfase no crescimento igualitário para toda a população. No entanto, a política industrial chinesa deixa de estar apenas virada para as exportações, começando a preocupar-se com o crescimento e a dinâmica do mercado interno.
A China começa a estar ciente do papel preponderante que está a assumir no Sistema-Mundo, e começa agora a aproveitar esse papel para ditar as suas próprias regras. Além disso, as suas políticas estão a fazer com que a China deixe de ser apenas a receptora das unidades de produção, para também passar a acolher as unidades de direcção e gestão ("De fábrica do mundo para Escritório do Mundo").
Há a noção de que a China precisa do mundo, e que o mundo também precisa da China. No entanto, o poder que o país está a assumir no contexto internacional, tem permitido que a China apenas queira implementar no seu país, daquilo que vier do estrangeiro, apenas o que achar que seja mais benéfico para os interesses do povo chinês, e sempre adaptado à sua realidade.

Fazendo agora uma análise do crescimento da economia chinesa desde a implementação da "Política de Porta Aberta" em 1978. Desde 1980 até 2010 a China cresceu a uma taxa anual média de 9.9%. Neste momento é a segunda economia mundial em termos de PIB, depois de ter ultrapassado recentemente o Japão. E as previsões para o futuro, são de um cada vez maior crescimento da economia chinesa e um cada vez maior peso da economia chinesa no sistema-mundo.
As próprias estruturas de actividade e da população activa denotam a rápida e intensiva industrialização da economia chinesa. E é actualmente o país em desenvolvimento que mais IDE recebe.

Claro que nesta altura, todas as críticas ao isolamento excessivo em que a China esteve mergulhada durante séculos, caem por terra: graças a esse isolamento, a China é dos poucos países em desenvolvimento que não sofre do problema da dívida pública externa. Isto permite-lhe ser um dos países cujas relações com o exterior são superavitárias.

Sinal das grandes mudanças na estrutura de produção da China é também o facto de as empresas estrangeiras de produção de bens intensivos em mão-de-obra e de baixo valor acrescentado, estarem a ser substituídas por empresas de bens mais sofisticados.
A China tornou-se agora o palco asiático da produção de grande parte dos produtos que, são ainda (mas já nem todos), acabados em Taiwan, na Coreia do Sul, Japão e Singapura, e depois são exportados para o resto do mundo.

Para terminar esta parte, apenas dou conta de uma previsão do 2His Report 2011": dos 5 principais blocos económicos do mundo - EUA, Japão, União Europeia, Europa Ocidental e China - prevê-se que em antes de 2020, a China ultrapasse todos os outros, tornando-se o maior produtor mundial.


Na próxima mensagem falarei no "Sourcing" na China.

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