sábado, 17 de março de 2012

Eurovisão: Portugal a caminho de Baku 2012! (III)

Pode parecer que não mas custou-me muito comentar as participações no Festival da Canção 2012, bem como a escolha para nos representar na Eurovisão... Mas, após uma semana de "meditação" aqui vai.


Como já tinha sido avisado, todas as músicas presentes no Festival este ano tiveram como inspiração o fado, como forma de assinalar a elevação do fado a Património Imaterial da Humanidade. E isto trouxe consigo vantagens e desvantagens. Ou melhor, acredito que deve ter trazido vantagens, apesar de não estar a ver nenhuma. Quanto às desvantagens, a pior para mim foi o facto de, como as actuações foram em blocos de 4, sem qualquer intervalo entre elas, foi impossível para a maioria das actuações,conseguir distinguir umas das outras. Não foi preciso muito para que mergulhasse numa monotonia sem encontrar qualquer característica que me fizesse escolher entre uma música ou outra. Claro que não estou a incluir todas as músicas: apenas a esmagadora maioria.


Outro aspecto negativo que tenho já que realçar foi o aspecto sombrio da edição deste ano. Já percebi que o fado se associa mais facilmente à saudade e à melancolia, mas daí a dar um toque tão tenebroso... tirou muito brilho ao festival.


Ricardo Soler e "Gratia Plena": 4º lugar
Estão mais do que confirmadas as qualidades vocais deste cantor. Infelizmente esta não foi das suas melhores actuações. Gostei do pormenor na bailarina suspensa, cujo toque de teatralidade, sempre combate alguma sonolência que estas músicas possam provocar.
Foi uma actuação razoável, com um bom crescente na parte final. Aqui os músicos foram essenciais para dar à música mais presença em palco.
No entanto, com o refrão é impossível não fazer uma associação à religião.

Pedro Macedo e "Outono em forma de gente": 8º lugar
A juventude do cantor obviamente que se notava nos momentos de fraca afinação. Mais uma vez os bailarinos trouxeram grande riqueza à actuação. Infelizmente, com o limite de 6 pessoas em palco exigida pela EBU, teria que se optar ou pelo coro ou pelos bailarinos. Qualquer que fosse a escolha a performance sairia muito enfraquecida...
Foi das poucas músicas que "fugiu da multidão": o toque boémio permitiu acrescentar à música um toque de diferenciação.

Tó Martins e "Amanhã começa o meu futuro": 11º lugar
O cantor tinha uma afinação razoavelmente boa, mas neste caso os músicos não conseguiram dar tanta presença à actuação como noutras músicas.
A interpretação para mim foi o que arruinou as hipóteses de uma boa classificação. Valeu a actuação daquela bailarina com o baloiço.

Gerson Santos e "(Re)Descobrir Portugal": 12º lugar
Os acordes da guitarra portuguesa foram uma constante ao longo de todo o festival, mas para mim nesta múisca foram muito mais insuportáveis.
Tanto a melodia como a letra não tinham um nível adequado para representar com sucesso Portugal na Eurovisão. E honestamente estava à espera de um melhor desempenho por parte do cantor.

Joana Leite e "O Amor é maior que a vida": 8º lugar
Esta era das músicas com mais potencial. A melodia conseguia permitia que se distinguisse das restantes, a diversidade de instrumentos utilizados foi uma grande mais-valia, para não falar na grande comunicação entre a cantora e o público. Apesar do toque trágico, este era perfeitamente suportável, no meio disto tudo.
Infelizmente a fraca performance e a elevada desafinação da cantora, arruinaram completamente esta actuação.

Palmela Salvado e "Fica a saudade": 5º lugar
É o caso oposto da anterior. A música é das menos marcantes e das mais vulgares no festival. O grande ponto a favor é a boa qualidade vocal da cantora o que, mesmo sendo das baladas mais fácil de esquecer, permitiu que ela lhe desse um toque muito pessoal.
De uma maneira geral, as boas músicas foram entregues aos cantores com menor qualidade vocal e vice-versa.

Cúmplices (Susana e Pedro) e "Será o que será": 2º lugar
Conseguiram criar uma boa ligação entre eles, e que se transmitiu para o público. No entanto, a melodia a melodia é mais típica dos anos 90.
Apesar da actuação no geral ter sido razoavelmente boa, haveria outras que mereciam o 2º lugar.

Arménio Pimenta e "Um poema na bagagem": 8º lugar
Tinha uma afinação razoável mas, sendo já a 8ª actuação, não houve nada que o pudesse distinguir dos outras actuações.
A melodia tinha a suas potencialidades, mas tenho as minhas sérias dúvidas se teria algum impacto na Eurovisão.

Carlos Costa e "Queres que eu dance": 6º lugar
Foi a segunda mais votada pelo público, mas os zero pontos atribuídos pelos júris atiraram esta actuação para meio da tabela de classificações.
Foi de longe a que se mais distinguiu, e penso que isso terá caído muito mal nas mentes retrógradas e conservadoras dos júris que parece que resistem em escolher a música com mais potencial para a Eurovisão.
É certo que a música tem uma forte associação ao estilo pimba e, apesar dos esforços do artista, penso que houve algo que não combinou entre ele e a música.
E o coro foi um dos piores aspectos desta música: com este ritmo poderiam ter uma performance muito melhor e que só enriqueceria a música.
Talvez pudesse ser uma boa escolha para a Eurovisão: tenho as minhas dúvidas.

Vânia Osório e "O Mundo Passa": 7º lugar
A voz da cantora teve bem de uma maneira geral, excepto alguns momentos que foram mesmo para esquecer. Conseguiu entregar bastante emotividade à música.
Outra roupa talvez não fosse má ideia.

Rui Andrade e "Amor a Preto e Branco": 3º lugar
Foi um dos favoritos do ano passado, e voltou a repetir o 3º lugar do ano passado.
Mais uma vez ficaram comprovados os grandes dotes musicais do cantor. As vozes do coro estavam demasiado altas e interferiram muitas vezes com a voz do Rui. E não encaixavam bem na música.

Filipa Sousa e "Vida Minha": 1º lugar
A última actuação arrecadou a vitória tanto da parte dos júris como do televoto: foi a primeira vez que houve concordância desde que há este sistema de voto.
De facto, foi das melhores que lá passaram. A melodia não foi das que mais sobressaiu em relação às outras, mas a interpretação da cantora e as suas qualidades vocais permitiram dar alguma qualidade à música.
É uma música que facilmente se pode ouvir na rádio, mais nos anos 90 do que actualmente.
O toque dramático é que foi em demasia.

Haveria alguma música que merecesse representar Portugal na Eurovisão e lhe trouxesse uma boa classificação (o que para Portugal significa pelo menos ficar no TOP20 na final)? Obviamente que não: esta foi a melhor escolha possível (juntamente com outras que se poderiam ter feito).
Serve-nos de consolo, a beleza da cantora que poderá atrair as votações do público que ainda não percebeu que a Eurovisão é acima de tudo um festival de música.
Além disso, nos tops pessoais que circulam pelo Youtube, há um número significativo deles que coloca a música portuguesa entre as 26 melhores (ou seja com um lugar na final) e alguns até entre as 15 melhores. Há inclusive que a coloque entre as suas 10 preferidas. Uma coisa é comum a todos os tops: não está entre as 5 piores para ninguém.


A passagem à final como eu já tenho dito, dependerá essencialmente dos júris internacionais, pelos motivos que já apresentei. E de facto, esta música certamente agradará mais aos júris do que ao público.
Mas uma coisa é certa: se o ano passado não ficamos em último lugar na semifinal, este ano isso também não deverá acontecer.


BOA SORTE PORTUGAL!!!!




Who do you think should go to the final of Eurovision? Go HERE and give your opinion. 

1 comentário:

  1. enfim! mais uma vez que vai ser difícil ganhar! já é tradicional não ganhar-mos! pelo menos chegar a finais

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